domingo, 10 de julho de 2022

Policial que assassinou tesoureiro do PT em Foz está internado em estado graveVítima comemorava 50 anos de idade com festa temática do PT


Está internado em estado grave o policial penal que matou um guarda municipal de Foz do Iguaçu, na região oeste do Paraná, em um ato classificado pela Secretaria de Segurança Pública da cidade como “intolerância política”. As informações são da BandNews FM.

Marcelo Arruda era filiado ao Partido dos Trabalhadores e também trabalhava como tesoureiro da legenda. Ele comemorava o aniversário de 50 anos, na noite deste sábado (9), quando foi morto a tiros.

De acordo com testemunhas e com a Polícia Civil, Jorge da Rocha Guaranho, que não tinha sido convidado, se apresentava como apoiador de Jair Bolsonaro. Ele foi até o local da festa e ameaçou atirar nos participantes. A decoração do aniversário contava com imagens do ex-presidente Lula e bandeiras do PT.

Uma testemunha ouvida pela BandNews FM, que preferiu não ser identificada, afirma que o policial penal Jorge Guaranho passou de carro em frente ao salão onde acontecia a festa e ameaçou os participantes.

"Começou a gritar de dentro do carro. 'É Bolsonaro!'. Ele tava no carro com a mulher e um bebê. Aí ele fala: 'eu vou voltar e matar todos vocês seus desgraçados'. Quando ele chegou, nisso o cara deu um tiro no Marcelo, deu outro tiro. O Marcelo conseguiu se virar e revidar. Não fosse isso, uma chacina teria acontecido", disse.

O filho do guarda municipal assassinado conta que o pai era atuante na política. Como líder sindical, a vítima estava envolvida em discussões sobre direitos trabalhistas.

No entanto, segundo Leonardo Miranda de Arruda, os debates aconteciam na Câmara Municipal, nos sindicatos ou nas redes sociais. O filho diz que Marcelo não tinha inimigos declarados. "Ele nunca recebeu ameaças. Só discussões, em redes sociais ou pessoalmente, mas nenhuma que chegou a vias de fato. Eram discussões sobre política com pessoas maduras", contou o filho.

Ao contrário do que havia sido informado inicialmente pela Polícia Civil do Paraná, o policial bolsonarista sobreviveu. Neste domingo (10), ele permanecia internado em estado grave.

Em coletiva de imprensa, a delegada Iane Cardoso, responsável pela Divisão de Homicídios, afirmou que câmeras de segurança registraram a ação e o momento em que agente penal chega ao local.

"A gente consegue ver [pelas imagens] que o policial fala alguma coisa. De acordo com testemunhas, ele disse: 'aqui é Bolsonaro!'. O guarda municipal se aproxima e pede para ele se retirar. Na sequência, pegou pedregulhos de uma planta e arremessou contra o veículo", detalhou a delegada.

Imagens das câmeras do salão de festas mostram que Marcelo Arruda recebeu um tiro na perna e caiu, momento em que o atirador entra no local e dispara novamente. O guarda municipal, já caído, reage e também atinge José Guaranho.

Em entrevista à BandNews FM, o secretário de Segurança Pública de Foz do Iguaçu, Marcos Antônio Jhanke, classificou o caso como intolerância política. "A principal linha realmente é que aconteceu uma divergência política. Marcelo estava comemorando o aniversário com familiares e amigos. A outra pessoa envolvida foi até o local e gerou todas essas circunstâncias", resumiu.

O secretário pontuou que, um dia antes da festa, a Câmara Municipal de Foz do Iguaçu, por meio da articulação política de Marcelo Arruda, colocou em discussão um projeto de lei que beneficia a classe trabalhadora.

Marcelo Yarid, chefe da guarda municipal de Foz do Iguaçu e amigo de Marcelo, destacou o trabalho do colega na luta pelos direitos da categoria. "Além de companheiro de farda, era uma amigo e um irmão. Uma pessoa de coração bom, independentemente das opiniões políticas", disse o guarda municipal.

Em nota, a campanha do ex-presidente Lula condenou o assassinato, citou a intolerância e pediu paz.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, estendeu a mensagem de solidariedade aos amigos e familiares. A deputada federal lembrou que a legenda vem alertando desde o início do ano sobre a escalada de perseguição e ódio contra a militância de esquerda e movimentos sociais.

Políticos de outras legendas e também do PT lamentaram a morte do guarda municipal, que disputou as eleições de 2020 como vice-prefeito de Foz do Iguaçu, pelo PT.

O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), determinou que todos os procedimentos de apuração dos fatos, já instalados pela Polícia Civil, tenham celeridade. E afirmou que é preciso dar um basta na intolerância e na falta de respeito entre pessoas com opiniões divergentes.

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